segunda-feira, julho 24, 2006

Freud sentado

Estou ficando tão adulto, que não me mexo sozinho parado.
Conheço uma garota doente. Pego uma bactéria e toda uma prole de vírus. Utilizo uma bacia com um boneco de plástico dentro para criar nosso filho, antes que ela morra. Suspendo a bacia acima da minha cabeça e coloco uma mulher em cima de mim. Atiro a bacia como um disco e um bebê voador.
Este foi nosso ritual para o ato sexual.
Sozinho, parado. Conheço uma garota adulta. Até o dia de a bacia retornar como um bumerangue espacial. O telefone de contato com o bebê espacial é o pênis. A garota doente reclama a demora na ligação. Eu pergunto à sua calcinha, enquanto ela segura o aparelho na mão:

-Posso brincar de cama-elástica?
Estou ficando tão velho, o doutor passa ao meu lado:
-Apague o cigarro.

A garota doente pede uma fumada. Pergunto pelo aparelho. Ela não responde nada.
Foi aí que me senti esponja.
Ela se deita no banco, com sua cabeça doente. Encosta o seu ouvido no aparelho para falar com Deus:

-Alô! Senhor!...Ocupado!

Então deitei ao seu lado debaixo, com a cabeça num gesto de penitência. Olhei para o seu sexo enclausurado, me confessei arrependido. Passei a língua sobre o véu de sua pomba. Levantei a cabeça e disse:

_ Hoje nada está funcionando!